sexta-feira, 29 de junho de 2007

CAPÍTULO 08 - O CASAMENTO

Novo Harry Potter 7 e as Relíquias da morte (Harry Potter and the Deathly Hallows)

As três horas da manhã seguinte encontraram Harry, Ron, Fred e Jorge ao lado da grande marquise instalada no pomar, esperando pela chegada dos convidados do casamento. Harry havia tomado uma grande dose da Poção Polissuco e agora era uma cópia de um garoto ruivo trouxa morador do vilarejo de Ottery St. Cathpole, de quem Fred havia roubado cabelos usando um Feitiço Summoning. O plano era apresentar Harry como o "Primo Barny" e acreditar que o grande número de parentes Weasley conseguiria camuflá-lo.
Todos os quatro seguravam planos indicando onde sentar, então podiam ajudar as pessoas a encontrar suas cadeiras. Um exército de garçons vestidos de branco havia chegado há uma hora, juntamente com uma banda de jaquetas douradas, e todos esses bruxos já haviam sentado a uma curta distância dali, sob uma árvore; Harry podia ver uma fumaça azulada de cachimbo que saía de um determinado ponto.
Mais adiante, a entrada da marquise revelava montes de frágeis cadeiras douradas enfileiradas a cada lado de um longo carpete vermelho. Os postes de suporte estavam encimados com flores brancas e douradas, Fred e Jorge haviam atado um enorme cacho de balões dourados sobre o ponto exato onde em breve Gui e Fleur se tornariam marido e mulher. Lá fora, borboletas e abelhas esvoaçavam preguiçosamente sobre a grama que recobria o jardim. Harry estava um pouco desconfortável. O garoto trouxa cuja aparência ele havia tomado era um pouco mais magro que ele, e suas roupas eram quentes e apertadas demais para um dia de verão.
- Quando eu me casar, - disse Fred, afrouxando o colarinho de sua própria camisa, - não vou me aborrecer com essas tolices. Vocês poderão vestir o que quiserem, e vou colocar uma Maldição Body Bind na Mamãe até que tudo termine.
- Ela não estava tão má essa manhã, na verdade – disse Jorge. – Chorou um pouco pelo Percy não ter vindo, mas quem quer ele por aqui? (Trecho ofuscado) se segurem – aí vem eles, veja!
Figuras coloridas brilhantes apareceram, uma a uma, nos limites do jardim. Dentro de minutos, uma procissão havia se formado, que começou a serpentear pelo jardim até a marquise. Flores exóticas e pássaros enfeitiçados enfeitavam os chapéus das bruxas, enquanto pedras preciosas brilhavam nos plastrões dos bruxos: um murmúrio de excitação crescia mais e mais, soterrando o som das abelhas conforme a multidão se aproximava do local.
- Excelente, acho que vi algumas primas veela, - disse Jorge, esticando o pescoço para ver melhor. – Elas vão precisar de ajuda para entender nossos costumes ingleses, vou cuidar delas…
- Não tão depressa, seu apressadinho, - disse Fred, e assim que os grasnidos de bruxas de meia idade que lideravam a procissão passou, ele disse – Aqui, permellez moi ajudar vous – para um par de belas garotas francesas, que riram e deixaram que ele as ajudasse a alcançar seus lugares. Jorge teve que lidar com as bruxas de meia idade e Ron se encarregou do velho amigo de Ministério do Sr Weasley, Perkins, enquanto um casal de velhinhos surdos seguiu para a ala que Harry cuidava.
- Olha, - disse uma voz familiar que o fez sair da marquise e ver Tonks e Lupin na frente da fila. Ela havia deixado seu cabelo loiro para a ocasião. – Arthur nos disse que você era o único com cabelos encaracolados. Sinto muito pela noite passada – ela complementou, em um sussurro quando Harry os deixou na nave. – O Ministério tem se mostrado bastante anti-lobisomem no momento e achamos que nossa presença não ajudaria em nada.
- Está bem, eu compreendo – disse Harry, falando mais com Lupin que com Tonks. Lupin deu a ele um pequeno sorriso, mas quando se virou novamente, Harry viu que sua face expressava as linhas do sofrimento. Ele não entendeu, mas não havia tempo para pensar no assunto: Hagrid estava causando alguns distúrbios. Sem entender as orientações de Fred, ele se sentara não sobre o banco magicamente aumentado e reforçado, preparado para ele na última fileira, mas sobre cinco assentos que agora pareciam uma grande pilha de palitos de fósforos dourados.
Enquanto o Sr. Weasley arrumava o estrago e Harry berrava desculpas para quem quisesse ouvir, Harry correu de volta para a entrada, para ver Fon cara a cara com o bruxo de aparência mais excêntrica. Levemente estrábico, com cabelos brancos na altura dos ombros e com textura de algodão doce, ele usava uma capa cuja borla oscilava em frente ao seu nariz e uma viseira amarelo-ovo. Um símbolo estranho, parecido com um olho triangular, resplandescia de uma corrente dourada em seu pescoço.
- Xenofilius Lovegood – ele disse, estendendo a mão para Harry, - minha filha e eu vivemos logo além da colina, foi tão gentil que os bons Weasley tenham nos convidado. Mas acho que você conhece minha Luna? – ele completou, virando-se para Ron.
- Sim – disse Ron. – Ela não está com você?
- Ela se atrasou no encantador jardinzinho para dizer oi para os gnomos, que gloriosa infestação! É interessante como alguns bruxos perceberam quanto nós podemos aprender com os sábios e pequenos gnomos. Ou, para dar o nome correto, os Gernumbli Garensi.
- Os nossos conhecem vários excelentes palavrões, - disse Ron, - mas acho que Fred e Jorge que ensinaram a eles.
Ele levava um par de warlocks até a marquise quando Luna entrou correndo.
- Olá, Harry – ela disse.
- Er… meu nome é Barny – respondeu ele, corando.
- Oh, você mudou isso também? – ela respondeu, com os olhos brilhando.
- Como você sabia...?
- Oh, só pela sua expressão – ela disse.
Como o pai, Luna vestia uma roupa amarelo brilhante, que combinava com um grande girassol que havia em seu cabelo. Uma vez superaodo o brilho de tudo aquilo, o efeito geral chegava a ser agradável. Ao menos não havia rabanetes pendurados em suas orelhas.
Xenofilius, que estava absorto em uma conversa com um conhecido, perdeu o diálogo entre Luna e Harry. Deixando o bruxo de lado, ele se virou para a filha, que segurava um dedo ao dizer – Papai, olhe! Um dos gnomos me mordeu mesmo!
Que maravilha! Saliva de gnomos é altamente benéfico – disse o Sr. Lovegood, analizando o dedo machucado de Luna e as marcas ensangüentadas das mordidas. – Luna, meu amor, se você sentir algum talento germinando hoje – talvez uma urgência inesperada em cantar ópera ou declamar em serêiaco – não remprima! Você pode ter sido presenteada pelos Germumblies!
Ron, passando na direção oposta, deixou escapar uma fungada alta.
- Ron pode rir – disse Luna serenamente para Harry, enquanto ele conduzia ela e Xenofilius para seus assentos – mas meu pai tem feito muitas pesquisas sobre a magia Gernumbli.
- Verdade? – disse Harry, que há tempos havia decidido não desafiar os peculiares pontos de vista de Luna ou de seu pai. – Tem certeza que não quer colocar nada nesse machucado, então?
- Oh, está bem – disse Luna, chupando o dedo com ar sonhador e medindo Harry de alto a baixo. – Você parece esperto. Falei para o papai que a maioria das pessoas provavelmente usaria túnicas, mas ele acha que devemos usar as cores do sol em casamentos, para dar sorte, sabe?
Enquanto ela seguia o pai, Ron reapareceu com uma bruxa mais velha enganchada em seu braço. O nariz pontudo, os olhos avermelhados e o chapéu rosa de plumagens davam a ela um ar de flamingo de mau humor.
- … e seu cabelo está muito comprido, Ronald, por um momento achei que você fosse Ginevra, pelas barbas de Merlin, o que Xenofilius Lovegood está usando? Ele parece um omelete. E quem é você? – ela perguntou para Harry.
- Oh, sim, Tia Muriel, este é nosso primo Barny.
- Outro Weasley? Vocês procriam como gnomos. Harry Potter não está aqui? Eu queria conhecê-lo, achei que ele fosse seu amigo, Ronald, ou você estava só contando vantagem?
- Não... Ele não pôde vir...
- Hmm. Deu uma desculpa, foi? Não tão destemido como parece nas fotos da imprensa, então. Eu estava ensinando à noiva a melhor maneira de usar minha tiara – ela grigou para Harry – feita por goblins, sabe, e que está na família há séculos. Ela é uma bela garota, mas... francesa. Bem, bem, ache um bom lugar para mim, Ronald, tenho cento e sete anos e não devo ficar em pé tanto tempo.
Ron lançou um olhar cheio de significados a Harry quando passou e não reapareceu por algum tempo: na próxima vez que se encontraram na entrada, Harry havia mostrado para uma dúzia de pessoas os seus lugares. A marquise já estava quase cheia, e pela primeira vez não havia fila do lado de fora.
- Um pesadelo, Muriel – disse Ron, esfregando a testa na manga. – Ela costumava vir para o Natal todos os anos, até que, graças a Deus, ficou ofendida quando Fred e Jorge jogaram uma bomba de bosta sob sua cadeira na hora da janta. Papai sempre disse que ela deve ter tirado os dois do testamento – como se eles ligassem, eles estão ficando mais ricos que qualquer um da família, logo eles vão... Uou! – ele completou, piscando rapidamente quando Hermione chegou correndo até eles – Você está ótima!
- Sempre esse tom de surpresa – disse Hermione, apesar de sorrir. Ela usava um vestido lilás esvoaçante com sapatos de salto alto; seu cabelo estava macio e brilhante. – Sua tia-avó Muriel não concorda, eu acabei de encontrá-la lá em cima enquanto ela entregava a tiara a Fleur. Ela disse: "Oh, querida, é a nascida-trouxa?" e depois "Má postura e quadris estreitos".
- Não leve para o lado pessoal, ela é rude com todo mundo – disse Ron.
- Falando da Muriel? – perguntou Jorge, emergindo da marquise juntamente com Fred. – Sim, ela acabou de me dizer que minha orelha está torta. Morcega velha. Espero que o velho Tio Billius ainda esteja conosco, entretanto; ele era risada certa em casamentos.
- Não foi ele que viu um Grim e morreu vinte e quatro horas depois? – perguntou Hermione.
- Bom, é, ele estava meio estranho perto do fim – concordou Jorge.
- Mas antes de ficar doido, ele era a vida e alma das festas – disse fred. – Ele costumava derramar uma garafa inteira de Whisky de fogo e ir para a pista de dança, erguer a túnica e começar a lançar buquês de flores de seus...
- Sim, parece encantador – disse Hermione, enquanto Harry gargalhava.
- Não sei por quê, nunca se casou – disse Ron.
- Você me espanta – disse Hermione.
Eles riam tanto que ninguém notou o último convidado, um jovem rapaz com cabelos escuros e um grande nariz curvo e sobrancelhas negras, até ele mostrar o convite a Ron e dizer, com os olhos em Hermione:
- Você está linda.
- Viktor! – ela gritou, e derrubou sua pequena bolsa bordada, que fez um barulho desproporcional ao seu tamanho. Enquanto lutava, corada, para recolher as coisas, disse – Eu não sabia que... Caramba... É adorável ver... Como vai você?
As orelhas de Ron estavam novamente vermelhas. Depois de olhar para o convite de Krum, como se não acreditasse em uma palavra do que estava escrito, ele falou, muito alto:
- Como você está aqui?
- Fleur me convidou – disse Krum, franzindo as sobrancelhas
Harry, que não tinha nada contra Krum, apertou sua mão; então, sentindo que seria prudente preservar Krum da proximidade de Ron, se ofereceu para mostrar a ele seu lugar.
- Seu amigo não ficou feliz em me ver – disse Krum quando entrou na marquise agora cheia. – Ou ele é um parente? – completou, olhando para o cabelo ruivo cacheado de Harry.
- Primo – Harry murmurou, mas Krum não estava escutando. Sua aparição havia causado um pequeno tumulto, principalmente entre as primas veelas. Ele era, apesar de tudo, um famoso jogador de Quadribol. Enquanto as pessoas esticavam seus pescoços para dar uma boa olhada nele, Ron, Hermione, Fred e Jorge vieram apressados pelo corredor.
- Hora de sentar – Fred disse a Harry – ou seremos atropelados pela noiva.
Harry, Ron e Hermione sentaram na segunda fileira atrás de Fred e Jorge, Hermione parecia rosada e as orelhas de Ron ainda estavam escarlates. Após uns momentos ele sussurrou para Harry:
- Você viu que ele deixou uma estúpida barbicha?
Harry lançou um grunhido sem comentários.
Um sentimento de ansiosa antecipação enchia a tenda, o murmúrio geral quebrado por ocasionais jorros de risadas nervosas. O Sr. e a Sra. Weasley percorreram o corredor, sorrindo e acenando para os parentes; o Sr. Weasley usando um novo conjunto de ametista, túnica vermelha com um chapéu combinando.
Um momento depois, Gui e Carlinhos surgiram na frente da marquise, ambos usando túnicas vermelhas, com grandes rosas brancas nas casas dos botões; Fred uivou baixinho e surgiram risadinhas das primas veela. Então a audiência ficou silenciosa quando a música escorreu do que pareciam ser balões dourados.
- Oooooh! – disse Hermione, girando em seu assento para olhar para a entrada.
Um grande suspiro coletivo foi lançado das bruxas e bruxos reunidos conforme Monsieur Delacour caminhava e conduzia. Fleur usava um vestido branco muito simples e parecia emitir uma forte radiação prateada. Geralmente sua radiação tornava todos menores comparativamente, hoje ela embelezava a todos que a percebiam. Ginny e Gabrielle, ambas usando vestidos dourados, pareciam ainda mais bonitas que o normal, e quando Fleur o alcançou, Gui não parecia jamais ter encontrado Fenrir Greyback.
- Senhoras e Senhores – disse uma voz musical aguda, e com um pequeno choque, Harry viu o pequeno bruxo de cabelos em tufos que havia presidido o funeral de Dumbledore, parado agora em frente a Gui e Fleur. - Estamos aqui reunidos para celebrar a união de duas almas fiéis...
- Sim, minha tiara combinou com tudo maravilhosamente – disse Tia Muriel com um sussurro áspero. – Mas devo dizer que o vestido de Ginevra está um pouco curto.
Gina olhou em volta, sorrindo, piscou para Harry, então rapidamente olhou para a frente de novo. A mente de Harry viajou para longe da marquise, de volta às tardes ocupadas a sós com Gina nas partes desertas do terreno da escola. Elas pareciam tão distantes; já pareciam boas demais para ser verdadeiras, como se ele estivesse roubando horas brilhantes da vida de uma pessoa normal, uma pessoa sem cicatriz com forma de raio na fronte...
- Você, William Arthur, aceita Fleur Isabelle...?
Na primeira fila, a Sra. Weasley e Mme. Delacour estavam fungando lacrimosas em seus lenços. Sons semelhantes a trompetes vieram da parte de trás da marquise avisaram a todos que Hagrid havia sacado um de seus lenços do tamanho de toalhas de mesa. Hermione se virou e acenou com a cabeça para Harry, com os olhos cheios de lágrimas.
- ... então eu os declaro amarrados pela vida [marido e mulher].
O bruxo de cabelos em tufos agitou a varinha sobre as cabeças de Gui e Fleur e uma chuva de estrelas prateadas caiu sobre eles, em espirais ao redor de suas agora entrelaçadas silhuetas. Quando Fred e Jorge começaram os aplausos, os balões dourados sobre suas cabeças se romperam; aves do paraíso e pequenos sinos dourados voaram e planaram sobre eles, juntando suas canções e tilintares ao fragor do aplauso.
- Senhoras e senhores – chamou o bruxo de cabelo de tufos, - se vocês puderem, se levantem!
Todos se ergueram, Tia Muriel reclamando audivelmente; ele agitou a varinha novamente. A tenda sob a qual eles estavam sentados ergueu-se graciosamente no ar enquanto as paredes de canvas da marquise sumiram, assim, parecia que elas eram mantidas por um dossel de postes dourados, com uma vista gloriosa do pomar iluminado pelo sol e a cidade ao fundo.
A seguir, um jorro de ouro derretido espirrou do centro da tenda formando uma brilhante pista de dança; as cadeiras pairaram e se agruparam ao redor de pequenas mesas com toalhas brancas, e os garçons de jaquetas douradas circularam até um pódio.
- Legal! – disse Ron, aprovadoramente, enquanto os garçons surgiam de todos os lados, alguns carregando jarras prateadas de suco de abóbora, cerveja amanteigada e whisky de fogo, outros empilhando tortas e sanduíches.
- Nós devemos parabenizá-los! – disse Hermione, ficando na ponta dos pés para ver o lugar onde Gui e Fleur haviam desaparecido no meio de uma multidão de amigos.
- Teremos tempo depois, - respondeu Ron, dando de ombros e agarrando três cervejas amanteigadas de uma bandeja que passava, e entregando uma para Harry. – Hermione, se segura, temos que encontrar uma mesa... Não aí! Não perto da Muriel!
Ron atravessou o caminho da pista de dança vazia, olhando para os lados; Harry teve certeza que ele queria distância de Krum. Quando eles alcançaram o outro lado da marquise, a maioria das mesas estavam ocupadas. A mais vazia era aquela em que Luna sentava-se sozinha.
- Tudo bem se ficarmos com você? – perguntou Ron.
- Oh sim! – ela disse alegremente. – Papai foi até nossa casa para pegar o presente de Gui e Fleur.
- O que será? Um suprimento vital de Gurdyroots? – Perguntou Ron.
Hermione queria chutar sua perna sob a mesa, mas invés disso agarrou Harry. Com os olhos lacrimejantes pela dor, Harry perdeu o fio da conversa por alguns momentos.
A banda começou a tocar. Gui e Fleur tomaram a pista de dança primeiro, sob aplausos. Depois de um tempo, Sr. Weasley levou Mme. Delacour até a pista, seguido pela Sra. Weasley com o pai de Fleur.
- Gosto desta música – disse Luna, marcando o tempo do compasso semelhante a valsa e alguns segundos depois ela levantou e foi até a pista onde fez um pequeno giro, sozinha, com os olhos fechados e ondulou os braços.
- Ela é ótima, não é? – disse Ron, admirado. – Sempre original.
Mas o sorriso sumiu de seu rosto de uma vez: Victor Krum sentara no lugar vago de Luna. Hermione pareceu satisfeita, mas dessa vez Krum não viera por ela. Com um olhar azedo no rosto, ele disse:
- Quem é aquele homem de amarelo?
- Aquele é Xenofilius Lovegood, ele é pai de uma amiga nossa – disse Ron. Seu tom pungente indicava que não havia nada de emgraçado em Xenofilius, apesar da clara provocação. – Venha dançar – ele acrescentou abruptamente para Hermione.
Ela olhou em volta, novamente satisfeita, e se levantou. Eles desapareceram rumo à pista de dança.
- Ah, eles estão juntos, agora? – Krum perguntou, momentaneamente distraído.
- Er... mais ou menos – disse Harry.
- Quem é focê? – perguntou Krum. [NT: as falas do Krum tem sotaque carregado, inclusive no livro, por isso algumas letras estão trocadas, mas não é erro de ortografia nem de digitação.]
- Barny Weasley.
Eles se cumprimentaram.
- Barny, focê conhece pem esse Lovegood?
- Não, eu o conheci apenas hoje. Por quê?
“ No, I only met him today. Why?”
Krum olhou sobre seu copo e observou Xenofilius, que estava conversando com diversos warlocks ao lado da pista de dança.
- Porque – disse Krum, - se ele não fosse um dos confidados da Fleur, eu o tessafiaria, aqui e agorra, para ferr aquela assinatura imunda sopre seu peito.
- Assinatura? – perguntou Harry, olhando também para Xenofilius. Um estranho olho triangular brilhava sobre seu peito. – Por quê? O que há com aquilo?
- Grindewald. É o símpolo de Grindewald.
- Grindewald... O Bruxo das Trevas que Dumbledore derrotou?
- Exatamente.
Os músculos da mandíbula de Krum se contraíram como se estivesse mastigando, então ele disse:
- Grindewald matou muitas pessoas. Meu avô, por exemplo. Claro, ele não era poderoso neste país, dizem que temia Dumbledore... e te fato, feja como tudo acapou. Mas este – disse, apontando o dedo para Xenofilius – este é seu símpolo, eu reconheci de imetiato: Grindewald o esculpiu em uma parede em Durmstrang quando era um aluno. Alguns idiotas o copiaram em seus lifros e roupas querendo chocar, querendo parecer impressionantes... e até pessoas que perderam mempros familiares para Grindewald começaram a fê-los com outros olhos.
Krum estalou os dedos e lançou outro olhar para Xenofilius. Harry ficou perplexo. Parecia incrivelmente improvável que o pai de Luna fosse um partidário das Artes das Trevas, e ninguém mais na tenda parecia haver reconhecido o símbolo triangular.
- Você… er… tem certeza que é de Grindewald?
- Não me engano – disse Krum friamente. – Passei por esse símpolo durante fários anos, conheço-o pem.
- Bom, há uma chance – disse Harry – que Xenofilius não saiba exatamente o que significa, os Lovegood são bem… diferentes. Ele poderia facilmente ter pego em algum lugar e achado que é um pedaço da cabeça de um Crumple-Horned Snockack ou algo assim.
- Um pedaço de quê?
- Eu não sei o queHarry achou que estava fazendo um péssimo trabalho ao tentar explicar Luna e seu pai.
- Essa é a filha – ele disse, apontada para Luna, que ainda dançava sozinha, ondulando os braços ao redor da cabeça como alguém que tentasse arremessar anões.
- Porr que ela está facendo aquilo? – perguntou Krum.
- Provavelmente está tentando se livrar de um Wrackspurt – disse Harry, que reconheceu os sintomas.
Krum pareceu não entender se Harry estava zombando dele. Ele tirou a varinha de dentro da túnica e fez com ela um gesto significativo sobre a coxa; fagulhas saíram da ponta da varinha.
- Gregorovitch – disse Harry em voz alta, e Krum começou, mas Harry estava muito excitado para se preocupar; a memória havia voltado a ele quando viu a varinha de Krum. Olivaras pegando-a e examinando-a cuidadosamente antes do Torneio Tribruxo.
- O que tem ele? – Krum perguntou, intrigado.
- Ele é fabricante de varinhas!
- Eu sei disso – volveu Krum.
- Ele fez sua varinha. Então eu pensei… Quadribol…
Krumd olhava para ele mais e mais intrigado.
- Como focê sape que Gregorovitch fez minha farinha?
- Eu… eu li em algum lugar. Acho – disse Harry – em uma revista de fãs... – ele improvisou e Krum olhou para ele amolecido.
- Não sapia que discutiam a minha farinha nas refistas de fãs – ele disse.
- Então... Er… Onde está Gregorowitch atualmente?
Krum pareceu confuso.
- Ele se aposentou há muitos anos. Fui um dos últimos a comprar uma farinha de Gregorovitch. São as melhores... Embora, claro, eu saipa que focês ingleses costumam comprar as de Olivaras.
Harry não respondeu. Ele fingiu observar os dançarinos, como Krum, mas estava pensando furiosamente. Então Voldemort estava procurando por um famoso fabricante de varinhas, e Harry não atinara com o motivo. Era certamente por causa daquilo que a varinha de Harry havia feito quando Voldemort o perseguira pelos céus. A varinha de azevinho e pena de fênix havia vencido a emprestada, algo que Olivaras não havia previsto ou compreendido. Será que Gregorowitch saberia? Seria ele realmente mais habilidoso que Olivaras, será que ele saberia segredos de varinhas que Olivaras não sabia?
- Essa garota é muito ponita – dise Krum, trazendo Harry de volta à realidade. Krum apontava para Gina, que havia se juntado a Luna. – Ela tampém é sua parente?
- Sim – disse Harry, repentinamente irritado. – E ela está saindo com alguém. Um carinha ciumento. Um cara grande. Você não gostaria de se encontrar com ele.
Krum grunhiu:
- Qual a fantagem – disse ele, secando sua taça e levantando-se novamente – de ser um jogador de Quadribol famoso internacionalmente se todas as garotas ponitas já têm alguém?
E saiu de perto da mesa, deixando Harry livre para apanhar um sanduíche de um garçon que passava ali perto e dar uma volta pela pista de dança. Queria avisar Ron do que havia descoberto sobre Gregorovitch, mas ele estava dançando com Hermione bem no meio da pista.
Harry se apoiou em um dos pilares dourados e observou Gina, que agora dançava com Lino Jordan, o amigo de Fred e Jorge, tentando não ficar ressentido pela promessa que fizera a Ron.
Ele nunca havia ido a um casamento antes, então não sabia dizer se as celebrações dos bruxos são diferentes das dos trouxas, embora estivesse certo que as últimas não deveriam ter um bolo de casamento com duas pequenas fênix em cima que voavam quando o bolo fosse cortado, ou garrafas de champagne que flutuavam sobre a multidão. Conforme a tarde avançava, mariposas começavam a pousar sobre o dossel, agora iluminado por lanternas douradas voadoras, a festança ficava cada vez mais descontrolada. Fred e Jorge já haviam desaparecido na escuridão com um par de primas de Fleur; Carlinhos, Hagrid e um bruxo gordinho cantavam alegremente "Ode a um Herói" em um canto.
Perambulando pela multidão tentando escapar de um tio bêbado de Ron que havia cismado que Harry era seu filho, Harry mirou um velho bruxo sentado sozinho em uma mesa. Sua nuvem de cabelos brancos o deixava mais parecido com um antigo dente-de-leão. Ele era vagamente familiar para Harry. Esforçando o cérebro, Harry subitamente percebeu que era Elphias Doge, membro da Ordem da Fênix e autor do obituário de Dumbledore.
Harry se aproximou dele.
- Posso me sentar?
- Claro, claro – disse Doge; ele tinha uma voz rouca, ligeiramente asmática.
Harry se inclinou para perto dele.
- Sr. Doge, eu sou Harry Potter.
Doge engasgou.
- Meu menino! Arthur me disse que você estaria aqui, disfarçado... Estou tão contente, tão honrado!
Tremendo de satisfação nervosa, Doge derramou sobre Harry uma taça de champagne.
- Pensei em escrever para você – sussurrou – após Dumbledore... O choque... E para você, tenho certeza...
Os olhos miúdos de Doge brilharam com lágrimas repentinas.
- Vi o obituário que você escreveu para o Profeta Diário – disse Harry. – Não sabia que conhecia tão bem o Professor Dumbledore.
- Tão bem como qualquer um – disse Doge, enxugando os olhos com um guardanapo. – Eu certamente o conhecia há mais tempo, sem contar Aberforth... E não sei por que, ninguém nunca conta com Aberforth.
- Falando no Profeta Diário… Não sei se o Sr. viu, Sr. Doge...?
- Por favor, me chame de Elphias, caro rapaz.
- Elphias, não sei se você viu a entrevista que Rita Skeeter deu sobre Dumbledore?
A face de Doge ficou imediatamente avermelhada.
- Oh sim, Harry, eu vi. Aquela mulher, ou urubu, seria um termo mais adequado, ela positivamente me importunou a falar com ela, tenho vergonha de dizer que fui um tanto rude, disse que era uma, uma truta intrometida, o que resultou como você viu, em indiretas a respeito da minha sanidade.
- Bom, nessa entrevista – Harry continuou – Rita Skeeter declarou que o Professor Dumbledore estava envolvido com as Artes das Trevas quando era jovem.
- Não acredite em uma única palavra! – disse Doge, de uma vez. – Nem uma, Harry! Não deixe que nada macule suas memórias de Alvo Dumbledore!
Harry olhou para a face constrita e enrugada de Doge e sentiu não segurança, mas frustração. Será que Doge realmente achava que seria tão fácil, que Harry poderia simplesmente escolher não acreditar? Ele não entendia que Harry precisava ter certeza, saber tudo?
Talvez Doge houvesse suspeitado dos sentimentos de Harry, pois pareceu preocupado.
- Harry, Rita Skeeter é uma maldita...
Mas foi interrompido por um cacarejo estridente.
- Rita Skeeter? Oh, eu a amo, sempre leio sua coluna!
Harry e Doge olharam para cima e viram Tia Muriel parada ali, com as plumas dançando em seu chapéu, uma taça de champanhe na mão.
- Ela está escrevendo um livro sobre Dumbledore, vocês sabem!
- Olá, Muriel – disse Doge. – Sim, estávamos justamente discutindo...
- Você aí, me dê sua cadeira! Eu tenho cento e sete anos!
Mal o ruivo primo Weasley pulou de seu assento, parecendo alarmado, e a Tia Muriel mergulhou nele com surpreendente agilidade e se acomodou entre Doge e Harry.
- Olá, novamente, Barry ou o que quer que seja – disse a Harry. – Agora, o que vocês estavam falando da Rita Skeeter, Elphias? Sabe, ela está escrevendo uma biografia de Dumbledore. Mal posso esperar para ler. Devo lembrar de encomendar uma cópia na Floreios e Borrões!
Doge parecia sério e solene, mas tia Muriel secou a taça em um gole e estalou os dedos ossudos para um garçom que passava voltar a enchê-la. Então, tomou um grande gole, arrotou e disse:
- Não precisam ficar me olhando como um par de sapos empalhados! Antes de se tornar tão respeitado e reverenciável e tudo o mais, houve uns rumores engraçados sobre Alvo!
- Fofocas. – disse Doge, ficando novamente rubro.
- Você pode dizer isso, Elphias – cacarejou Tia Muriel. – Já notei como você patinou sobre os trechos de assuntos naquele seu obituário!
- Sinto muito que você tenha pensado isso – disse Doge, ainda mais frio. – Garanto que escrevi de coração.
- Oh, todos sabemos como você idolatrava Dumbledore; ouso mesmo dizer que você ainda acha que ele seja um santo mesmo que isso signifique esquecer o que ele fez com sua irmã Aborto!
- Muriel! – exclamou Doge.
Um arrepio que não tinha nada a ver com a champanhe gelada foi sentido dentro do peito de Harry.
- O que você quer dizer? – ele perguntou a Muriel. – Quem disse que a irmã dele era um aborto? Pensei que ela estivesse doente.
- Então você pensou errado, não é, Barry? – disse tia Muriel, parecendo deliciada com o efeito de suas palavras. – De qualquer forma, como você poderia esperar saber algo sobre esse assunto? Tudo aconteceu muitos anos antes de você ser sequer um pensamento, meu querido, e a verdade é que aqueles de nós que já eram vivos nunca souberam o que realmente aconteceu. Por isso eu não posso esperar para ver o que Skeeter descobriu! Dumbledore manteve sua irmã quieta por muito tempo!
- Não é verdade! – ofegou Doge. – Absolutamente falso!
- Ele nunca me disse que a irmã era um aborto – disse Harry, sem pensar, ainda gelado por dentro.
- E por que motivo ele diria isso a você? – guinchou Muriel, se remexendo um pouco no assento enquanto tentava focalizar Harry.
- O motivo pelo qual Alvo nunca falou de Ariana – começou Elphias, com a voz embargada pela emoção – é, devo imaginar, muito claro. Ele esteve tão devastado com sua morte...
- E por que ninguém mais a viu, Elphias? – grasnou Muriel. – Por que metade de nós sequer sabíamos que ela existia até que eles carregaram o caixão para fora da casa e fizeram um funeral para ela? Onde estava o santo Alvo enquanto Ariana esteve trancada no porão? Certamente brilhando em Hogwarts, e deixando para lá o que acontece em sua própria casa!
- O que você quer dizer com trancada no porão? – perguntou Harry. – O que é isso?
Doge parecia miserável. Tia Muriel cacarejou novamente e respondeu:
- A mãe de Dumbledore era uma mulher terrível, simplesmente terrível. Nascida trouxa, embora eu já tenha ouvido que ela fingia ser pura...
- Ela nunca fingiu nada assim! Kendra era uma boa mulher – sussurrou Doge, angustiado, mas Tia Muriel o ignorou.
- É o que você diz, Elphias, mas explique, então, por que ela nunca foi a Hogwarts! – disse Tia Muriel. Ela voltou-se para Harry. – em nossa época, Abortos eram freqüentemente renegados, embora fosse um extremo aprisionar uma garotinha em casa e fingir que ela não existia...
- Estou dizendo, isso não aconteceu! – disse Doge, mas Tia Muriel apenas revirou os olhos, ainda se dirigindo a Harry.
- Abortos eram normalmente enviados a escolas trouxas e encorajados a integrar a comunidade trouxa... Muito melhor que tentar encontrar para eles um lugar no mundo mágico, onde sempre seriam cidadãos de segunda classe, mas naturalmente Kendra Dumbledore nem sonharia em deixar a filha ir a uma escola trouxa...
- Ariana era delicada! – disse Doge, desesperadamente. – Sua saúde sempre foi frágil para permitir que ela...
- Para permitir que ela saísse de casa? – cacarejou Muriel. – E ainda assim ela jamais foi levada a Hospital St. Mungus e nenhum Curandeiro jamais a viu?
- Realmente, Muriel, como você pode saber se...
- Para sua informação, Elphias, meu primo Lancelot era um Curandeiro em St. Mungus naquela época, e ele falou para minha família em estrita confidência que Ariana nunca foi vista ali. Tudo muito suspeito achava Lancelot!
Doge parecia estar à beira das lágrimas. Tia Muriel, que parecia enormemente satisfeita consigo mesma, estalou os dedos em busca de mais champanhe. Harry pensou nebulosamente em como os Dursley já haviam feito ele se calar, trancado-o, mantido-o em segredo, tudo pelo crime de ser um bruxo. Teria a irmã de Dumbledore sofrido o mesmo destino ao contrário: aprisionada por sua falta de magia? E teria Dumbledore realmente deixado-a ao sabor do seu destino enquanto ia para Hogwarts e mostrava ser brilhante e talentoso?
- Agora, se Kendra não houvesse morrido antes – resumiu Muriel – eu diria que foi ela que acabou com Ariana...
- Como você pode, Muriel! – grunhiu Doge – Uma mãe matar a própria filha? Pense no que está dizendo!
- Se a mãe em questão for capaz de aprisionar a própria filha por anos a fio, por que não? – volveu Tia Muriel, pensativamente. – balance a cabeça o quanto quiser, Elphias. Você esteve no funeral de Ariana, não?
- Sim, estive – disse Doge, com os lábios trêmulos – E foi a situação mais triste e desesperadora que posso me lembrar. Alvo etava com o coração partido...
- Seu coração não era a única coisa. Não se lembra que Aberforth quebrou o nariz de Alvo a caminho da cerimônia fúnebre?
Se Doge já parecia aterrorizado antes disso, não era nada em comparação com seu aspecto agora. Muriel poderia tê-lo apunhalado. Ela cacarejou em voz alta e tomou outro gole de champanhe, que escorreu por seu queixo.
- Como você... – crocitou Doge.
Minha mãe era amiga da velha Bathilda Bagshot – disse Tia Muriel, alegremente. – Bathilda descreveu tudo para minha mãe e eu escutei atrás da porta. Uma rixa ao lado do caixão. Pelo que Bathilda disse, Aberforth gritou que era tudo culpa de Alvo, que Ariana estava morta e então socou sua cara. De acordo com Bathilda, Alvo sequer se defendeu, e isso já foi bem esquisito. Alvo poderia ter destruído Aberforth em um duelo com as duas mãos amarradas nas costas.
Muriel tomou ainda mais champanhe. A narrativa de todos aqueles escândalos parecia entretê-la tanto quanto horrorizava Doge. Harry não sabia o que pensar, em que acreditar. Ele queria a verdade e ainda asism tudo o que Doge fazia era ficar ali sentado repetindo fracamente que Ariana estivera doente. Hary mal podia acreditar que Dumbledore não tivesse interferido se tamanha crueldade que acontecesse dentro de sua própria casa, e ainda assim, havia algo indubitavelmente estranho na história.
- E vou dizer mais – continuou Muriel, soluçando alto ao pousar a taça. – Acho que Bathilda entregou o ouro a Rita Skeeter. Todas essas notas na entrevista da Skeeter sobre uma fonte importante perto dos Dumbledores... Deus sabe que ela esteve por lá durante toda essa coisa com a Ariana, e poderia ser ela!
- Bathilda jamais falaria para rita Skeeter – sibilou Doge.
- Bathilda Bagshot? – Harry disse. – A autora de História da Magia?
O nome estivera impresso na capa de um dos livros escolares de Harry, embora ele admitisse que não lera com muita atenção.
- Sim – disse Doge, se agarrando á pergunta como um homem que se afoga a uma bóia. – Uma das melhores historiadoras mágicas e velha amiga de Alvo.
- Meio gagá atualmente, ouvi dizer – acrescentou Tia Muriel animadamente.
- Se é assim, é ainda mais vergonhoso para Skeeter tomar vantagem dela – disse Doge, - e nenhum crédito pode ser dado ao que Bathilda diz!
- Oh, há maneiras de trazer de volta as memórias, e tenho certeza que Rita Skeeter conhece todas elas – disse Tia Muriel. – Mas mesmo se Bathilda estiver completamente lelé, tenho certeza que ainda tem velhas fotografias, talvez até cartas. Ela conhecia os Dumbledores há anos… Bem, valeria uma viagem a Godric´s Hollow, acredito.
Harry, que estivera tomando um gole de cerveja amanteigada, engasgou. Doge bateu em suas costas enquanto ele tossia, olhando para Tia Muriel por entre as lágrimas. Quando recobrou o controle da voz, ele perguntou:
- Bathilda Bagshot mora em Godric's Hollow?
- Oh sim, ela está lá há uma eternidade! Os Dumbledore se mudaram para lá depois que Percival foi preso, e ela era a vizinha.
- Os Dumbledore moravam em Godric's Hollow?
- Sim, Barry, foi o que eu acabei de dizer – reiterou Tia Muriel.
Harry se sentiu drenado, vazio. Nunca, jamais, em seis anos, Dumbledore havia dito a Harry que ambos haviam vivido e perdido pessoas queridas em Godric's Hollow. Por quê? Será que Lílian e Tiago haviam sido enterrados perto da irmã e da mãe de Dumbledore? Teria ele visitado suas sepulturas, talvez caminhado até a de Lílian e de Tiago para isso? E ele nunca contara a Harry… Jamais se importou em dizer...
E qual a importância disso tudo, Harry não poderia explicar nem para si mesmo, mas mesmo assim sentia que era quase uma mentira não contar a ele que tinham essas experiências em comum. Ele se ergueu, mal notando o que acontecia ao seu redor, e não percebeu que Hermione surgira da multidão até que ela se deixasse cair em uma cadeira ao seu lado.
Eu simplesmente não posso mais dançar... – ela ofegou, tirando um dos sapatos e esfregando a sola do pé. – Ron foi procurar mais cervejas amanteigadas. É um pouco estranho, eu acabei de ver Victor se afastando do pai da Luna, parecia que eles discutiram... – ela baixou a voz, olhando para ele – Harry, você está bem?
Harry não sabia por onde começar, mas isso não importava, naquele momento, alguma coisa grande e prateada baixou do dossel até a pista de dança.
Gracioso e brilhante, o lince pousou levemente no meio dos dançarinos atônitos. Cabeças se viraram conforme os mais próximos absurdamente congelaram no meio da dança. Então a boca do patrono se abriu e ele falou com a voz profunda e lenta de Kingsley Shaklebolt:
- O Ministro caiu. Scrimgeour está morto. Eles estão chegando.

CRÉDITOS: Viviane, Manuela, Bruno, Adriana

Nenhum comentário:

Postar um comentário